Babadinhos em Grupo


SESSÃO 1

Dia: 11/12/2013
Local: Sala 06 – Centro de Formação de Professores/UFRB – Amargosa/BA
Horário: 13:30h – 16h

1. Visibilidade do docente homossexual no contexto escolar: relações e vivências
Autora: Mariza Mendes de Souza FAGUNDES – UNEB

Resumo: Esse artigo foi o resultado de uma pesquisa de campo de base qualitativa realizada nas escolas municipais de Bom Jesus da Lapa – BA, com o objetivo de observar e analisar como ocorrem as relações interpessoais e de convivência, as relações afetivas, profissionais, morais e éticas, dentro do espaço escolar municipal, entre professor homossexual, professor heterossexual e demais profissionais de educação. Os resultados da pesquisa apontam para dificuldades encontradas pelo professor que assume uma identidade homossexual dentro da escola, pautada pelo preconceito e pela homofobia, sendo necessário romper com uma série de paradigmas sociais que garantam, efetivamente, a igualdade de direitos entre os professores homossexuais envolvidos com o processo educativo.            
Palavras-chave: Homossexualidade; Relações Sociais; Contexto Escolar; Professor.

2. Relativizando a educação sexual: cartilha anti—homofobia em confronto com a realidade do movimento LGBT
Autorxs: Priscila dos Santos TRINDADE; Marcos Vinicius Andrade LIMA; Layla Gabrielle Guimarães LIMA; João Victor Almeida MARQUES – UEFS

Resumo: Essa proposta de trabalho tem por objetivo discutir os limites das instituições sociais em lidar com sujeitos que não se enquadram nas normas de gênero vigentes, para tanto a educação sexual deve ser componente de formação básica afim de “reeducar” certas práticas, tornando-se artifício preliminar, que pretende ser capaz de transformar uma sociedade machista e sexista. A cartilha anti-homofobia, proposta pelo MEC, visa uma proposta educacional que transcenda limitações do senso comum, visando garantir aceitação e respeito da ampla gama de gêneros LGBTTTS dentro do meio social. Na realidade brasileira, o kit anti-homofobia, em questão, composto de caderno, pôster e vídeos não surtiu o efeito esperado, por razões de confronto que vão desde o âmbito familiar ao religioso, logo seus benefícios e/ou malefícios ainda são uma incógnita. A partir destas impressões seria possível gerar novas bases de discursos para educação escolar, visando o combate eficiente às práticas como o “heteroterrorismo”, termo utilizado pela autora Berenice Bento, que tanto insiste em “aprisionar” os gêneros em suas regras. Apresentado o ambiente escolar como reprodutor do conceito abordado, que excluem transexuais e travestis das políticas de educação, forçando-os/as a ter de optar por um modo de vida marginalizado, onde o poder público sanciona leis em sua defesa, mas se exime de responsabilidades de inclusão social desses indivíduos.
Palavras-chave: Educação Sexual; Cartilha Anti-Homofobia; Gênero; heteroterrorismo.


3. Problematizando as questões de gênero, sexualidade e a diversidade sexual nas práticas escolares: a perspectiva dos/das discentes de escolas públicas da cidade de Amargosa/BA
Autoras: Emanoela Sena dos Santos; Jéssica Maiana Ribeiro dos Santos; Lorena Benevides Ramos; Priscila Gomes Dornelles – UFRB
Resumo: Objetivamos, com este artigo, apresentar as informações produzidas durante uma investigação realizada com estudantes de duas escolas públicas de Amargosa/BA. Nos interessa problematizar como as práticas escolares conformam um jeito de conhecer o gênero e a sexualidade na escola. Para isso, questionamos como se dão as relações entre discentes e de que forma o tema sexualidade aparece nas aulas das diversas disciplinas escolares. Como proposta metodológica, realizamos observações e anotações de campo, as quais foram fundamentais para uma aproximação como público discente, bem como para negociar a participação na etapa dos questionários. Após aplicados, os questionários foram analisados e discutiremos algumas questões produzidas neste artigo. O processo de análise nos fez constatar que, no contexto escolar, a sexualidade e as relações de gênero se manifestam de forma cotidiana, seja quando meninos e meninas se aproximam nas paqueras e jogos de sedução durante o recreio, seja quando meninos rejeitam o toque em outros meninos nas aulas de Educação Física. Estas situações visibilizam o funcionamento do poder constituindo significados (des)autorizados sobre o corpo, os desejos, os prazeres, os sentidos sobre masculinidade e feminilidade no espaço escolar. Em geral, as escolas trabalham com uma identidade de gênero padrão, bem como com a heterossexualidade DST, HIV, gravidez na adolescência como referência. Desta maneira, a sexualidade está apresentada apenas como se referindo às questões biológicas, restringindo a compreensão da diversidade sexual na escola. Problematizar estas concepções usuais no espaço escolar do interior baiano é apontar que o gênero e a sexualidade são construções hierarquizantes determinadas pelas normas que constituem os corpos dos/das estudantes.
Palavras-chave: Gênero; Diversidade Sexual; Sexualidade; Educação.
4. Educação e gênero: uma discussão sobre a inclusão igualitária
Autora: Luane Moraes Paraíso – UFRB
Resumo: O presente artigo se propõe a discutir o papel que a educação assume frente às questões de gênero, para além da perspectiva da inclusão igualitária de meninos e meninas. Nas escolas, as relações de gênero ganham pouca relevância entre educadores e educadoras, assim como  no conteúdo  dos cursos de formação docente.  Mesmo num  âmbito acadêmico é pouco observado as dimensões de gênero no dia-a-dia escolar, talvez pela dificuldade em refletir não apenas sobre as desigualdades entre sexos, mas também os significados de gênero inerente a essas desigualdades são pouco contemplados pelas politicas publicas educacionais. Pensamos que a ausência das questões de gênero no currículo na formação de professores, interfere nas práticas cotidianas da escola e da sala de aula, contribuindo, em última instancia, para a perspectiva de valores e práticas que reafirmam as desigualdades entre homens e mulheres. Acreditamos que é necessário que se ultrapasse a questão do acesso, e que se inclua o tratamento igualitário de meninas e meninos na sala de aula, assim como um conteúdo curricular que despolarize o conhecimento das identidades de gênero que afetam o cotidiano das pessoas. Algumas formas de resistência apontadas por este artigo são: incluir os estudos de gênero nos cursos de formação docente, a análise crítica de representações sexuais e de gênero produzidas pela mídia e a experimentação de novas formas de linguagem que possam desconstruir estruturas indenitárias binárias e excludentes, como homem-mulher, produzidas pelo discurso educacional.
Palavras-chave: Educação; Gênero; Políticas públicas.

5. Abordagens críticas: reflexões sobre a diversidade sexual e de gênero no ambiente escolar
Autora: Maria da Conceição Silva Moreira – UFBA
Resumo: Sabe-se que não há uma forma única, nem um único modelo de educação e que a escola não é o único lugar em que ela acontece e talvez nem seja o melhor, mas é nesse espaço onde se revela aspectos significativos no que tange à construção de novos valores sociais e culturais. E por entender que a Educação é um instrumento fundamental na construção do conhecimento e esse, por sua vez, é capaz de libertar as vozes silenciadas, é que este artigo intitulado: “Abordagens Críticas: Reflexões sobre a diversidade sexual de gênero no ambiente escolar”, busca refletir sobre a necessidade de abordar o tema diversidade sexual de gênero na escola. Para atender a tal objetivo, foi realizado um levantamento bibliográfico de artigos indexados, livros e revistas, nacionais e internacionais em língua portuguesa. Conclui-se que esta discussão é um procedimento de estudos necessário, pois vivemos em uma sociedade que reflete os valores de um mundo heterogêneo, branco e heterossexual, onde as diferenças estão presentes e muitas vezes são motivadoras da violência e intolerância.
Palavras-chave: Diversidade sexual; Gênero; Escola; Educação.

6. Gênero e sexualidade na escola: concepções, desafios e perspectivas
Autorxs: Adenise Barreto Santos; Carolina Melo do Nascimento; Fabio Caetano Damasceno Reis; Silvana dos Santos Almeida – UFRB
Resumo: O presente artigo tem como objetivo discutir o papel e a importância da escola na formação e construção social do individuo e sua sexualidade, enfocando que os temas transversais por meio de debates e discussões possam ser apresentados como conteúdos em todas as disciplinas curriculares, de forma que aborde a sexualidade relacionada com gênero. A escola atual caracteriza o estudo de gênero e sexualidade apenas por meio de doenças sexuais e gravidez na adolescência, deixando de dar ênfase aos temas relacionados a gênero e sexualidade, como orientação sexual e suas complexidades. Os temas transversais (gênero e sexualidade) têm causado problemas e dificuldades para os profissionais de educação; uma vez que não estão aptos a lidar com estes conteúdos devido à falta de formação e preconceitos desenvolvidos ao longo da vida. A inclusão desta temática nos currículos escolares torna o espaço escolar mais democrático e participativo, visto como um espaço de ações positivas e significativas. Compreender elementos inerentes à sexualidade constitui-se como aspectos do desenvolvimento humano e o espaço escolar é um dos lugares mais propícios para tais desenvolvimentos e habilidades, pois se define como ambiente extremamente importante nessa construção de identidade. Uma vez que o corpo docente não está preparado para tais habilidades dificulta o processo de construção de identidade do alunado. Desta forma compreendemos a importância dos discursos produzidos e reproduzidos acerca das relações de gênero e sexualidade em sala de aula.
Palavras-chave: Gênero; Sexualidade; Escola; Diversidade.

7.  O estudante LGBT no cotidiano escolar
Autora: Suzana Souza OLIVEIRA – ENSP/FIOCRUZ
Resumo: A partir da análise de estudos sobre homofobia e discriminação no ambiente escolar, utilizando como apoio as legislações pertinentes, esse estudo se propõe a examinar  a  situação  dos  jovens  LGBT  inseridos  no  sistema  de  educação  básica  no país. Compreender como ainda que tenhamos uma série de mecanismos de proteção a todos/as os/as jovens, os LGBT ainda sofrem situações de discriminação e violência cotidianamente em nossas escolas.  Discutir e refletir como os/as jovens LGBT são violentados e excluídos no cotidiano escolar  é o foco principal desse estudo.  Entender a educação como um sistema em que se articulam relações de poder, construção de conhecimento, reprodução de valores  e  padrões  heteronormativos  nos  ajudará  a compreender  como  identidades  e  subjetividades  são  forjadas  dentro  do  ambiente escolar. Analisando o resultado do estudo, pode-se observar como a  escola, considerada  como  um  espaço  de  libertação,  também  é  um  ambiente  de  profunda repressão. Isso se dá pela forma como o sistema educacional é regido, isto é, orientado sob a égide  de  uma  sociedade  que  tem  a  heteronormatividade  como  o  que  é considerado “normal”, ignorando aqueles que diferem  e não  correspondem ao padrão pré  estabelecido.  Foi constatado  que  o/a  profissional  de  educação,  ainda  que consciente do seu papel enquanto agente de mudanças tem dificuldades para lidar com a  sexualidade  dos/as  estudantes,  e  isso  se  dá  por  insegurança  com  a  sua  própria sexualidade,  por  desconhecimento  sobre  o  assunto,  ou  ainda  por  estar  imerso  em valores  e  crenças  estereotipadas.  Dessa forma, nos deparamos com educadores/as ajudando a (re) produzir preconceitos. O combate ao  preconceito  contra  os  LGBT  é  fundamental  para  o reconhecimento e respeito à identidade desses/as jovens se dá por uma postura ética da sociedade,  que  os  enxergariam  não  mais  como  cidadãos  menores,  passaria  a reconhecê-los/as os como diferentes, mas não de uma forma inferior.
Palavras-chave: Escola; Homofobia; Diversidade Sexual.

8. Psicólogas(os) escolares: atuação frente à discriminação por orientação sexual no espaço escolar
Autoras: Carmedite Moreira Santos SILVA; Sara BAHIA – Universidade de Lisboa
Resumo: A sociedade modernamente tem demonstrado maior tolerância à diversidade, incluindo-se a relacionada às orientações sexuais. Notadamente a partir dos anos 1970, instaura-se um processo de despatologização da homossexualidade e de defesa dos direitos humanos das minorias sexuais. Não obstante, ainda persistem preconceitos e violências objetivas contra pessoas de orientação não heterossexual no espaço escolar. Essa situação precisa ser enfrentada pelas (os) profissionais que trabalham na escola, haja vista as (os) psicólogas (os) escolares. Propomos nesse artigo apresentar resultados parciais da análise de conteúdo de entrevistas realizadas com 5 Psicólogas (os) escolares no Brasil e em Portugal no período de junho a Setembro de 2013. Estas se inserem no âmbito da pesquisa de doutoramento intitulada ‘Representações e práticas frente a discriminação por orientação sexual no espaço escolar” em curso na Universidade de Lisboa. As entrevistas visavam caracterizar a atuação profissional frente a discriminação por orientação sexual na escola. Os resultados revelam que a prática das profissionais está voltada para intervenções relacionadas ao processo ensino-aprendizagem e envolvem a orientação e assessoria a docentes e familiares e o acompanhamento psicopedagógico das (os) estudantes. 3 entrevistadas afirmam terem sido chamadas a mediar situações de discriminação por orientação sexual, admitem a importância da contribuição da Psicologia para a promoção de mudanças concretas e superação dos preconceitos e discriminações por orientação sexual na escola, mas não se sentiram suficientemente preparadas para lidarem com a situação por conta das suas próprias crenças e valores, da falta de informações sobre a temática e a formação universitária deficitária em relação as questões da diversidade sexual.
Palavras-chave: Psicólogas(os) escolares; discriminação por orientação sexual; espaço escolar; atuação.



 SESSÃO 2

Dia: 11/12/2013
Local: Sala Mestre Didi – Centro de Formação de Professores/UFRB – Amargosa/BA
Horário: 13:30h – 16h


1. Eu, o armário, e as políticas institucionais de permanência e afiliação acadêmica para o gênero e a sexualidade na UFRB
Autor: Elder Luan dos Santos SILVA – UFRB

Resumo: Este trabalho é uma reflexão teórica e descritiva, baseada na literatura nacional e na escrita autobiográfica, acerca de como o armário gay atua como um aparelho que regula e molda o comportamento de Gays na sociedade atual, mais especificamente na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, na tentativa de compreender como a sexualidade interfere diretamente na permanência, afiliação e êxito acadêmico de estudantes universitários. Para tal, utilizarei como objeto de análise e reflexão a minha trajetória pessoal de vida e formação, (auto)biografada e embasada teoricamente no conceito de “Epistemologia do Armário” desenvolvido por Eve Kosofsky Sedgwick. No intuito de compreender, como o “armário” descrito por Segwick, moldou, regulou e transformou as relações afetivas, sexuais e de gênero minhas e dos meus pares desde a minha infância até o meu acesso e permanência, na universidade e demonstrar que a autobiografia, além de ser uma escrita e leitura de si mesmo, pode vim a ser um mecanismo de contestação, luta política e produção memorialística, não só da sua história pessoal, como também da história e dos marcadores sociais do seu tempo vivido e escrito. Ao autobiografar a minha trajetória de vida e formação, pude perceber que a oposição entre o público e o privado pautou tantos as minhas, quanto a maioria das relações daqueles que viviam na mesma época e espaço que eu, o público, sendo todas as práticas aceitas e hetero-normatizadas pela sociedade, e o privado aquilo que era só meu, ofuscado nas entranhas dos meus desejos sexuais, não aceitos, não legitimados e marginalizados por uma sociedade que descaracteriza e deslegitima os indivíduos que não cumprem o seu suposto papel determinado pelo sexo biológico.
Palavras-chave: Acesso; Permanência; Homossexualidade; Homofobia.

2. GGR - Uma experiência da luta LGBTT nas residências da UFBA
Autor: Bruno Almeida dos SANTOS - Grupo gay das residências/ UFBA

Resumo: Trata-se de um relato de experiência do Grupo Gay das Residências Universitárias – GGR, que ganhou visibilidade a partir de 2009 na UFBA.  Este processo narrativo visa descrever as vivências e contribuições desse Grupo para as casas de estudantes, sociedade e universidade. O GRR é resultado da reunião de lésbicas, gays e bissexuais universitários e constitui-se em uma estratégia para a redução do preconceito. Destaca-se que a maior parte desses jovens é oriunda do interior da Bahia que, por vezes, esses estudantes têm marcas de sofrimento decorrente do seio de suas famílias devido à orientação sexual demonstrada por seus componentes e, ao chegarem às Residências Universitárias, são acolhidos pelos membros do Grupo. Desse modo, o GGR contribui para a autoafirmação da identidade de gênero, permite uma inserção do jovem LGBTT na vida das Residências e da Universidade. A partir dessas ações, assim como do Caruru da Diversidade, Curto Circuito de Artes, Ciências e Humanidades e demais atividades, é perceptível uma militância significativa dos membros do GGR e as práticas destes estão associadas ao combate ao preconceito e à luta pela efetivação da proteção e implementação dos direitos das minorias, consoante o paradigma jurídico vigente a partir da Constituição Federal de 1988.
Palavras-chave: Residências Universitárias da UFBA; LGBTT’s; Homofobia; Efetivação de direitos.

3. Educação em saúde: o “queer” que temos a ver com isso
Autor: Raphael Santos SANDE – Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

Resumo: Os recentes reconhecimentos dos nomes sociais, as lutas pela união homoafetiva e o presente debate pós-identitário coloca o campo da saúde diante de um novo desafio: Como realizar processos de educação em saúde desses indivíduos que lutam pelo seu reconhecimento enquanto sujeitos? Guiado pelos princípios básicos do Sistema Único de Saúde, o SUS, o qual garante integralidade e equidade, esse trabalho se propõe a realizar através de uma perspectiva queer como incluir esses corpos no processo de educação em saúde, a luz de como a discussão das identidades de gênero e sexualidade, dos binarismos e da produção das sexualidades estabelecem e reproduzem a subalternidade. Desse modo, entender que as identidades sociais é fruto da organização do conhecimento e que o ser (identidade) dominante se estabelece a partir da naturalização desse processo, dentro dos saberes que dominam, assume uma importância no que tange o entendimento do processo de empoderamento dos profissionais de saúde e educadores na normatização da sexualidade, utilizando-se do método científico para criar aberrações e patologias. Propõe-se ainda uma educação que desestruture esses binarismos como heterossexual/homossexual, natural/cultural, feminino/masculino e trabalhe por uma pedagogia queer que vise mais do que a lógica da diversidade, que apela pela horizontalização das relações e sim pelo trabalho no plano da diferença.
Palavras-chave: Educação em saúde; Sexualidade; Teoria queer.

4. Relato de Experiência: “Relato do Grupo de Ação e Extensão Múltiplas Sexualidades: uma experiência de extensão na formação de professores em Amargosa/BA”
Autor: Carlos Adriano OLIVEIRA – UEFS; Gillvan dos Reis Quadros - UFBA

Resumo: O cenário atual é de efervescência no que tange a dimensão da (re)produção da representação das múltiplas sexualidades na escola. Essa dinâmica torna-se mais intensa quando pensamos esse processo diante da formação de professores e professoras para educar no contexto da diversidade. O ideal moral e as concepções projetadas na estrutura social são mantidos em uma extensão inquietante, onde a sexualidade configura-se como um instrumento complexo, modelando condutas ditas corretas e criminalizando imagens que desviam dessa representação modelo. Mediante a essas tensões, o presente artigo tem o objetivo de apresentar um relato de experiência sobre o debate das múltiplas sexualidades na escola. A produção consiste em proporcionar reflexões em torno da proposta formativa denominada “Conversas na Escola”, realizada pela Escola Municipal Professora Dinorah Lemos da Silva na cidade de Amargosa – BA, coordenada pelo projeto Ciclo de Aprendizagem Juvenil – CAJ – da referida instituição, em parceria com o Núcleo Capitu - Estudos e Pesquisas em Gênero, Sexualidade e Diversidade (Centro de Formação de Professores /UFRB). O trabalho orienta-se por uma revisão bibliográfica e fundamenta-se teoricamente com as contribuições de Foucault (1978;1998), Cavarero e Butler (2007), Butler (2000), Louro (2009), Beraldo (2003), dentre outros. Conclui-se, ao problematizar a representação da sexualidade na escola, considerando a composição da mesma como mecanismo disciplinar, regulatório/modelador e repressivo, a necessidade de ampliar a discussão acerca dos desafios da formação de professores e professoras para educar na diversidade, no sentido de fortalecer práticas formativas que considerem a alteridade e a diferença como elementos enriquecedores do espaço escolar.
Palavras-chave: Múltiplas Sexualidades; Formação de Professores e Professoras.

5. Quando as vadias entram em cena: reflexões sobre o enfrentamento da violência contra as mulheres em Aracaju/SE
Autoras: Débora Arruda SANTOS; Franciele Jacqueline Gazola SILVA – UFS

Resumo: Este trabalho apresenta o processo de enfrentamento à violência contra as mulheres em Aracaju, tomando como pano de fundo a construção do movimento feminista que pautou intervenções na cena cultural, política e midiática da cidade, a partir do Coletivo de Mulheres de Aracaju, criado após a realização da Marcha das Vadias. Através de Mostras de Filmes, Cursos, Saraus, o coletivo impulsionou o debate em espaços anteriormente alheios à pauta de opressões – como museus, galerias, universidades. Articuladas a atos de rua, as ações passaram a envolver o combate a homofobia, obtendo importante repercussão na mídia local, tendo como saldo mais recente a realização de Audiência Pública sobre a Violência Contra a Mulher na Assembléia Legislativa do estado de Sergipe, que ocupa a 18ª posição no ranking de homicídios de mulheres. Entendemos que a experiência do Coletivo propiciou às mulheres maior conscientização e problematização das políticas públicas, motivando ações que propiciaram maior visibilidade midiática e política à questão dos direitos das mulheres e da violência contra a mulher, avançando no sentido de construir condições para a autonomia das mulheres e futuras alterações das políticas de enfrentamento e prevenção da violência.
Palavras-chave: Violência contra as mulheres; mulheres; opressões.

6. O cenário da submissão da mulher negra: uma análise comparativa entre as personagens Clara dos Anjos (Lima Barreto) e Roselily (Alice Walker)
Autor: Matheus Oliveira de MORAES – UNEB/Campus V
Resumo: A presente pesquisa trabalha com as semelhanças e diferenças na vida das mulheres negras americanas e brasileiras com base nos contos “Roselily” de Alice Walker e “Clara dos Anjos” de Lima Barreto tendo a problemática de discutir como mulheres de épocas e lugares diferentes passam pelos mesmos problemas e o que na vida dos dois autores influenciou para que eles escrevessem sobre tal assunto. O objetivo do trabalho é debater o preconceito de raça e de gênero existentes na realidade tanto dos Estados Unidos quanto do Brasil utilizando os contos como forma de análise dessa realidade entendendo que os dois autores utilizam de sua literatura como forma de denúncia. O lugar da mulher negra na literatura, autora e personagem, fazem parte dos anseios da pesquisa, levando em consideração também que a mulher negra sofre duplamente no processo de colonização e escravidão e isso determina a forma que essa mulher se coloca enquanto participante do processo de criação literária. A influência do processo de reterritorialização do povo negro escravizado em especial no Brasil na formação da Literatura Negro/Afro Brasileira também faz parte da pesquisa. A pesquisa ainda pretende apresentar uma breve discussão sobre o lugar que a mulher negra ocupa na sociedade atual analisando a opressão que existe contras essas mulheres, abordando também um debate sobre o que chamamos de novo racismo.
Palavras-chave: Mulher; Negra; Opressão; Racismo; Literatura.

7. A propagação do discurso androcentrico no ensino da história no Brasil através da (in) visibilidade da mulher enquanto figura histórica
Autoras: Natielle Xavier Rocha CERQUEIRA; Jessica Santana BRUNO - UFRB

Resumo: A renovação teórica e metodológica no campo da história nos fornece um novo olhar sobre a prática docente e a função social da mesma. No ensino vigente ainda visualizamos a transmição de valores sexistas e a propragação de discursos que viabilizam a prática machista através da opção de utilização de uma história tida como tradicional, esta onde a figura da mulher raramente aparece, e quando relatada, a imagem posta é de submissão, inferioridade e impotência. Identificando a educação como a principal via de conhecimento e desenvolvimento da integração social, salientamos a possibilidade de execução de uma prática educativa equânime, situando como se dá a compreensão dos discursos no âmbito politico-cultural no que se refere às mulheres.  Bem como a necessidade de executar um currículo de história hábil a endossar diversas concepções de gênero, onde a tessitura da história não se evidencie como pura ou meramente masculina, posto que o currículo constrói os  indivíduos, uma vez que os saberes aprendidos em sala são, em muitas vezes, aqueles que serão carregados ao longo de nossas vidas. O estudo é composto por três etapas, na primeira acontece um resgate histórico sintético do acesso da mulher a educação e de que forma ela é vista no decorrer do tempo histórico; na segunda será abordada a ausência da figura feminina dentro do currículo de história mesmo diante de suportes na legislação que garantem à reformulação desse currículo; e na terceira etapa acontece o destaque das motivações que circundam a marginalização da mulher dentro do ensino da história, salientando de que forma esse discurso se mantém, em concluinte aplicando soluções possíveis.
Palavras-chave: Curriculo; Gênero; Prática equanime.

8. Orgias na senzala: sinais, indícios e vestígios do erotismo e da sexualidade do homem negro escravizado no Brasil colonial
Autor: Daniel dos SANTOS – UNEB/Campus V
Resumo: O projeto luso-europeu de colonização do Brasil, além de proporcionar o encontro com o “outro” (ameríndios e africanos), provocou inúmeros imbricamentos históricos entre o Novo e o Velho mundo, integrantes de círculos culturais completamente divergentes. No Brasil Colonial, as concepções de sexo, sexualidade, erotismo e valores morais de ambos configuraram uma intensa colisão sociocultural em um ambiente classificado por Gilberto Freyre como “ambiente de intoxicação sexual”. O ambicioso projeto mercantil de colonização dos trópicos, movido pela larga utilização do trabalho escravo compulsório, segundo o sociólogo, seria um dos elementos responsáveis pela promoção da depravação e libertinagem sexual dos colonos e colonizados; depravação esta ferrenhamente combatida entre os séculos XVI e XVIII pela Igreja Católica e seu aparelho inquisitorial, que reprimiam e tentavam disciplinar as práticas sexuais coloniais, consideradas extremamente pecaminosas. A cultura cristã-católica de repressão das relações afetivo-sexuais contribuiu de forma decisiva para a transformação do erotismo e da sexualidade em assuntos tabus em nossa sociedade, sempre evitados e rejeitados socialmente através dos tempos. No processo de colonização e escravização de africanos e afro-brasileiros no Brasil é onde se encontram as possíveis origens dos mitos e estereótipos relacionados ao erotismo e à sexualidade do homem negro, como sua hipersexualidade e macrofalia hipotéticas, presentes no imaginário coletivo até nossa atualidade. As violentas tentativas de desumanização, zoomorfização, coisificação e animalização dos corpos de homens negros na diáspora africana através do tráfico humano transatlântico, que acabou desencadeando processos de (re)invenções de suas respectivas identidades, masculinidades e sexualidades, é o foco das discussões que serão desenvolvidas nesta comunicação.
Palavras-chave: Homem Negro; Trabalho Forçado Africano; Sexualidade; Colonialismo; Racismo.

9. O corpo negro e o território das sexualidades – uma leitura de “A seiva da vida” de Éle Semog
Autora: Andréa Silva SANTOS – UEFS
Resumo: Sabemos que o discurso construído no tocante à sexualidade do negro é um elemento que o insere numa esfera marcada pela diferença – espaço em que ele é considerado erótico, lascivo, detentor do sexo, dotada de uma sexualidade fora dos padrões, depravado, dono de uma corporeidade anatômica zoomórfica. Tudo isto confirma a existência do território dos estereótipos que demarcam o lugar de representação acerca do outro, projetando um cenário que realça as diferenças e nega a existência das singularidades. Pretendemos, no contexto elencado, fazer uma leitura do conto A seiva da vida, de Éle Semog, que está na Série Cadernos Negros, de 2008, organizada pelo Quilombhoje. Destacamos que o nosso intuito é entender a maneira como o protagonista da narrativa “inverte” as relações estabelecidas pelos produtores do discurso acerca da performance sexual, atuando na perspectiva de favorecimento pessoal através do sexo. Ao ser tomado como objeto de prazer de senhoras e senhores de classe “distinta”, Ganga ironicamente assume o lugar de produtor. É ele quem produz um sêmen milagroso. É do corpo negro, estereotipado ao longo da história, que sai a seiva da vida. Posições são invertidas e Ganga passa a ocupar o lugar de alguém que se encontra em condição de oferecer e tem muito a ganhar em troca dos serviços prestados – a venda do sexo. 
Palavras-chave: Estereótipo; Discurso; Corpo - Negro; Sexualidade; Éle Semog.


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ORIENTAÇÕES PARA APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS

- A sala 06 e a sala Mestre Didi dispõem de datashow;
- Cada trabalho terá 10 minutos como tempo total para apresentação;
- As apresentações serão realizadas em blocos de 3 ou 4 trabalhos com 15 minutos para debate e discussão coletiva;
- A certificação de apresentação de trabalho será encaminhada por e-mail após a finalização do evento.

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Neste II Festival, buscamos ampliar os espaços de debate e de produção acadêmico-científica-militante.Deste modo, apresentamos os Babadinhos em grupo que versarão sobre as seguintes temáticas:

Babadinho 01 – Educação, gênero e sexualidade

Este Babadinho em Grupo se propõe a receber trabalhos que promovam o debate acerca dos modos como a heteronormatividade funciona (e vacila) nos espaços educativos escolares e não-escolares. Aceitamos a discussão da diversidade sexual e da pluralidade de gênero, bem como das análises da subversão identitária e das desconstruções do binarismo de gênero no contexto pedagógico. Interessa-nos, também, problematizar como a normalização do gênero e a homofobia perpassam as práticas pedagógicas nos diversos contextos educacionais.


Email: babadinho1educacao@gmail.com


Babadinho 02- Raça, Gênero e Sexualidades

Este Babadinho em Grupo se propõe a receber trabalhos que discutam as intersecções entre gênero, sexualidade e raça/etnia, com destaque para as experiências dialógicas entre grupos e identidades não heteronormativas e as condições sociais, políticas e culturais da raça.  Aceitamos a discussão pós colonial e crítica às identidades essencializadas e tratamos de acolher cartografias de experiências de mulheres, de identidades dissidentes na composição do gênero e de suas dimensões debatidas contemporaneamente pelo feminismo de cor – hispânicas, latinas, negras, etc. Interessa-nos, também, problematizar os limites de uma política de identidade de gênero pautada na construção do sujeito político branco, heterossexual e colonizador, bem como nas dimensões puramente ocidentais do feminismo. Acolhemos, ainda, as discussões sobre violências de gênero e narrativas/cartografias/etnografias que problematizem o evidente entrecruzamento com a racialidade.

Email: babadinho2raca@gmail.com


Babadinho 03 – Lesbofobia, homofobia, transfobia e violência de gênero

Este Babadinho em Grupo se propõe a receber trabalhos que discutam os modos de violência que se constituem a partir das experiências de gênero e/ou sexuais postas nos diversos cenários culturais, sociais e institucionais brasileiros. Fundamentalmente, nos interessa problematizar as especificidades das violências de gênero e das lesbofobias, das transfobias e das homofobias, como modos de manutenção das hierarquias de sexuais e de gênero. Acolhemos trabalhos referentes aos modos como estas violências atravessam as políticas de Estado, como as políticas de saúde, de justiça e cidadania, e de educação, por exemplo.

Email: babadinho3lgbtgenero@gmail.com


Babadinho 04 - Religião, religiosidades, gênero e sexualidades

Este Babadinho em Grupo se propõe a receber trabalhos que discutam as diversas manifestações da religiosidade, da religião e das múltiplas expressões da sexualidade. De modo especial, nos interessa problematizar os embates contemporâneos entre as religiosidades e os comportamentos/as identidades sexuais não heteronormativos/as. Acolhemos, também, as discussões sociais sobre o aborto, a tolerância religiosa, a prostituição, os direitos humanos (com destaque para mulheres, LGBT e identidades dissidentes) em interface com a institucionalização das religiões, visibilizando embates políticos, morais e religiosos das sexualidades. Se aceita, ainda, os trabalhos que problematizam a construção das autoridades religiosas não heteronormativas e sua relação com o direito e a liberdade política de exercício da fé, colocando em foco as dimensões do público e privado. Por fim, este Babadinho em Grupo recebe discussões sobre as construções de experiências da religiosidade em seus agenciamentos políticos e suas interfaces com uma política de gênero e de sexualidade.

Email: babadinho4religiao@gmail.com


Babadinho 05 – Saúde, gênero e sexualidade

Este Babadinho em Grupo se propõe a receber trabalhos sobre os desafios culturais e sociais com relação a implantação de políticas de saúde atravessada pela dimensão política dos direitos sexuais e reprodutivos. De modo especial, nos interessa problematizar o fortalecimento das condições dialógicas sobre gênero e diversidade sexual no âmbito da saúde, considerando políticas que abarquem ações integradoras de LGBTTTI. Se aceita, ainda, os trabalhos que visibilizem as tecnologias reprodutivas, o aborto e a mulher como sujeito protagonista. Por fim, este Babadinho em Grupo recebe discussões sobre os modos de subjetivação (e das resistências) associados à patologização dos corpos e à medicalização da vida.


Email: babadinho5saude@gmail.com


ATENÇÃO! 
TODOS OS TRABALHOS SERÃO APRESENTADOS NO CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES - AMARGOSA



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